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Maria brigadeiro: É doce fazer o que se gosta

Equipe Conta Azul Equipe Conta Azul | Atualizado em: 26/01/2024 | 7 mins de leitura | ← voltar

Maria brigadeiro – é doce fazer o que se gosta

Brigadeiro ou negrinho, independentemente do nome que você dá, o certo é que ele é a estrela de qualquer festa e a companhia certa para os dias em que você tem aquela “vontade de comer um docinho”. Por achar que esse doce, exclusivamente brasileiro, era pouco aproveitado no mercado, a chocólatra Juliana Motter criou o Maria Brigadeiro, o primeiro ateliê gourmet de brigadeiro do Brasil. Juliana afirma que quando fala em “brigadeiro gourmet” a ideia não é elitizar o doce, o desafio que ela encarou foi lançar um novo olhar sobre ele, com uma visão gastronômica, para propor uma coisa diferente.

Coisas da vovó

A história de amor da Juliana com o brigadeiro já vem de longa data. Ela tinha uma vó doceira, que fazia seus brigadeiros com leite condensado artesanal, feito na fazenda. Foi crescendo nesse ambiente que, aos seis anos, começou a fazer seus primeiros negrinhos. Toda festa de aniversário da família e dos amigos, lá estava Juliana levando seus brigadeiros — foi daí que surgiu o apelido Maria Brigadeiro.

Doce destino

Quando era questionada sobre que o que gostaria de ser quando crescesse, a resposta estava muito clara na cabeça de Juliana: doceira. Mas, na época em que prestou vestibular, ainda não havia cursos de gastronomia — muito menos curso de brigadeiro. Então, resolveu seguir os passos da mãe jornalista. Atuou durante 10 anos na profissão, mas sempre com o hobby de fazer suas famosas bolinhas de chocolate. Juliana escrevia na editoria de comportamento e culinária. Com oito anos de carreira, recebeu um convite pra fazer um curso de gastronomia, com o intuito de embasar as matérias que ela escrevia sobre. Não foi surpresa que suas atenções voltaram-se para as aulas de confeitaria e tudo que aprendia em relação a doces, ela adaptava para os brigadeiros. No final da faculdade, ela já havia inventado 30 receitas diferentes.

Fazendo escolhas

É claro que o hobby de criança continuou, mas, depois do curso de gastronomia, os amigos comemoraram as variações inventadas por Juliana. Certa vez, fez alguns para uma festa de uma amiga, as pessoas gostaram tanto que perguntaram se ela faria para vender. No início ela disse não, mas (algumas taças de vinho depois) a quinta pessoa que a questionou teve uma resposta diferente: sim! Ao receber, no outro dia, a ligação da pessoa interessada, pensou em esclarecer, dizendo que foi uma brincadeira, mas ouviu uma potencial cliente tão empolgada que resolveu aceitar e, seguindo o conselho dela, até levou cartões para dar aos interessados. Ela fez os docinhos, distribui os cartões e viu seu telefone não parar de tocar, com muita gente interessada no seu hobby. Durante algum tempo ela dividiu sua jornada entre a redação e as “raves de brigadeiro”, como fala das noites em claro que passou trabalhando. Depois de um período, ela decidiu pedir demissão, largar a carreira de 10 anos para fazer aquilo que realmente gostava.

Receita do sucesso

A receita para o sucesso dos brigadeiros da Juliana é a seguinte: ingredientes de qualidade, produtos fresquinhos e capricho na apresentação. Juliana conta que usa uma mistura de chocolates para dar um sabor único ao brigadeiro. Mas todos os ingredientes, da receita básica às variações, são de alta qualidade. Além disso, Juliana faz questão dos seus brigadeiros fresquinhos, eles são feitos na hora da entrega. Isso mesmo, não tem máquina, é tudo na panela e, quando o cliente chega, ele recebe um produto que acabou de ser feito. As embalagens também dão um toque especial. Como na história da Juliana dar brigadeiros de presente sempre foi algo comum, ela inovou e investiu nas embalagens para que o docinho pudesse se tornar também um presente especial.

Empreendedora e doceira

Na sua transição de jornalista para “brigadeirista”, Juliana aprendeu muita coisa. Por exemplo, já chegou a comprar uma máquina, seguindo o conselho de um primo executivo, para poder melhorar a manufatura do seu negócio. Muitas tentativas e erros depois, ela percebeu que isso estragaria o encanto que fez o Maria Brigadeiro ter sucesso. “O tempo passou e quando me dei conta, estava fazendo 3 mil brigadeiros por dia. E tudo na panela, do jeito artesanal que eu acreditava que ele tinha que ser feito. Ou seja, enquanto eu me preparava para atender um suposto mercado de bufês, um outro mercado que ninguém supunha existir, o de consumidores ávidos por um novo brigadeiro, surgiu organicamente, bem debaixo do meu nariz”, conta.

Esse caso da Juliana é um bom exemplo de que, muitas vezes, focamos em um mercado que já existe, e não nos damos conta das possibilidades de iniciar outro nicho de atuação. Observar e seguir o seu “feeling” pode lhe ajudar a identificar novas oportunidades de empreendedorismo.

Conforme a sua empresa crescia, Juliana foi tendo problemas com tarefas que, no início, eram simples. Em contrapartida, ao longo do tempo, foi encontrando soluções. Confira algumas dicas dadas por ela para lidar com questões que podem tirar o sono de quem é dono de um pequeno negócio.

Gestão

A falta de boas experiências no mercado corporativo, ainda como funcionária, fez Juliana criar um método de administração peculiar quando fundou o Maria Brigadeiro. Mas essa falta de regras gerou problemas. “Constatei a duras penas que minha cartilha era uma utopia. Contratei rapidamente um consultor para me ajudar a colocar a empresa nos trilhos, conversei com empreendedores, frequentei workshops de administração, fiz cursos de gestão. Entendi finalmente que as ferramentas de organização não eram inimigas do meu sonho, ao contrario, eram elas que iriam garantir a sobrevivência da empresa”, ressalta.

Administração do tempo

As demandas diárias são muitas. Cabe ao empreendedor tentar administrar o tempo para não ser engolido por ele e, consequentemente, ver sua empresa afetada por decisões equivocadas, tomadas às pressas. Juliana enfrenta esse obstáculo na rotina do Maria Brigadeiro. No entanto, depois de perceber que a falta de tempo prejudicava o negócio, a empresária busca uma alternativa simples para minimizar os contratempos trazidos pelo tempo escasso. “Desde então, meu exercício tem sido me reunir com as equipes e ouvir, sem pressa, o que elas têm a dizer. Essa proximidade com as pessoas tem sido quase terapêutica, tem me reconectado com o propósito de estar ali, 12, 14 horas por dia, coisa que relatório e planilha nenhum tem o poder de fazer”, explica.

A empresária escreve para o Blog do Empreendedor, no Estadão PME. Lá, você pode encontrar essas e outras dicas dela. Além disso, pode conhecer melhor sua trajetória nesse vídeo:

E aí, gostou da história da Juliana? Identificou-se com alguma parte da trajetória dela? Deixe seus comentários e opiniões!

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