Gestão

Transição geracional: por que você deve planejá-la

Vinicius Roveda Vinicius Roveda | Atualizado em: 26/03/2024 | 7 mins de leitura | ← voltar

Transição geracional

Vamos falar sobre transição geracional? Talvez você olhe para a expressão isolada e não se dê conta do que estamos falando. Mas esse é um assunto de grande importância para a gestão de qualquer empresa. E entre elas as contábeis, é claro. Diferentes faixas etárias trabalhando juntas, cada uma com suas particularidades: como extrair o melhor dessa experiência?

Entendendo as diferentes gerações

Antes de falarmos de transição geracional na prática, vamos entender o contexto. Nesse sentido, estamos em um momento propício para essa análise e debate. Afinal, uma nova geração acaba de entrar no mercado de trabalho e, nos próximos meses, vai alcançar a maioridade. Confira só:

  • Geração Z: nascidos nos anos 2000
  • Geração Y (Millennials): nascidos entre 1980 a 2000
  • Geração X: nascidos de 1960 a 1980
  • Baby Boomers: nascidos de 1942 a 1960
  • Geração Silenciosa: nascidos entre 1925 e 1942.

O que isso tudo revela? Que raríssimos da Geração Silenciosa permanecem no mercado, que membros dos Baby Boomers e da Geração X perderam o posto de maioria para os Millennials e que, com 17 anos ou menos, a Geração Z começa a marcar presença nas empresas.

Cada um desses grupos possui suas características próprias, o que fatalmente se reflete no ambiente organizacional. A forma como planejam a carreira é diferente. A maneira como encontram soluções para suas tarefas também. Por tudo isso, é fundamental refletir sobre a transição geracional e construir sua estratégia.

Principais desafios da transição geracional na contabilidade

Vamos entender agora, em aspectos práticos, como a transição geracional impacta a rotina de uma empresa contábil. É importante realizar uma análise neutra. Ou seja, os desafios existem, mas não necessariamente acarretam em prejuízos. Podem, inclusive, ser uma excelente oportunidade para crescer a partir deles.

Gestão de pessoas e de conflitos

Pessoas de diferentes faixas etárias podem trabalhar muito bem juntas. Não é porque pensam e solucionam suas demandas de formas diferentes que não pode haver harmonia. Onde um entra com a experiência, o outro complementa com a vontade. Na teoria, tudo muito bonito. Mas e na prática?

Para evitar conflitos — e gerenciá-los adequadamente —, é importante valorizar aquilo que cada colaborador tem de melhor a dar pela empresa. Também deve permitir a eles acessar estratégias que estimulem o crescimento profissional.

Ninguém está ali por acaso. Cada peça tem suas limitações, mas ainda assim não deixa de ser fundamental para fortalecer o conjunto. Você demonstra ter essa consciência ao propor métodos operacionais e dinâmicas de grupo que incluam todos os perfis.

Seu colaborador precisa se sentir incluído e ter a certeza de que é importante não apenas para o escritório contábil. Ele precisa entender que significa uma oportunidade de aperfeiçoamento para os próprios colegas de gerações diferentes. Todos podem aprender e ensinar.

Choque de ideias

Aí está a origem de muitos dos conflitos entre gerações no ambiente corporativo. De um lado, os veteranos reclamam que os jovens são indisciplinados, sem foco e não respeitam o conhecimento e a experiência dos mais velhos. Do outro, os novatos criticam a resistência a mudanças e o receio de inovar e encontrar uma nova solução para um velho problema.

Toda essa energia pode ser usada para o bem se houver disposição em entender a transição geracional e extrair o melhor dela.

Para começar, é válido pensar em dois conceitos básicos de administração: trabalho em equipe e brainstorm (a famosa tempestade de ideias). Ambos apontam na mesma direção. Ou seja, a capacidade de cada um colaborar do seu modo para que a solução final seja um produto coletivo.

Ao gestor da empresa contábil, então, cabe canalizar essa energia e usá-la a favor dos seus resultados. Lidere o processo e incentive a troca de ideias, obviamente que de forma ordenada e respeitosa. Promova momentos onde há liberdade para essa exposição. Mostre que, seja qual for a geração, sempre há oportunidades de aprendizado e evolução.

Interesses e aspirações diferentes

As gerações mais antigas têm uma forma diferente de enxergar e conduzir suas carreiras. Se você tem no seu escritório um contador que lá está há 10, 15, 20 ou, quem sabe, 30 anos, não chega a surpreender. Para profissionais mais experientes, encontrar uma empresa séria e alinhada aos seus interesses é um porto seguro.

Por isso, fica tão difícil entender os mais jovens, que gostam de experimentar. Profissionais de menor idade raramente se permitem a continuidade por vários anos em um só emprego. E isso ajuda a explicar por que é tão difícil selecionar e reter talentos na contabilidade.

Não significa que A está certo e que B está errado. São perfis diferentes, de interesses e aspirações diferentes. Se você souber lidar com isso bem, o prazer e a motivação de fazer parte do seu time aumentam. Dê a cada geração aquilo que ela busca.

Gerações diferentes: prós e contras

Há boas razões para o seu escritório ter na equipe profissionais de gerações diferentes. Mas é inegável que existem também pontos de atenção. Entre vantagens e desvantagens, é importante ficar por dentro de tudo aquilo que pode vir a afetar a transição geracional na empresa contábil.

Prós

  • Pode ser um verdadeiro golpe na zona de conforto;
  • Serve de estímulo para a inovação na empresa;
  • Também incentiva a criatividade na solução de problemas;
  • Desafia os colaboradores a encontrar soluções alternativas;
  • Exige maior inteligência emocional de todos;
  • Reforça a importância do trabalho em equipe;
  • É útil para o reconhecimento de competências e habilidades individuais.

Contras

  • Conflitos surgem mesmo nas situações simples;
  • Torna a comunicação interna ainda mais desafiadora e difícil;
  • Pode levar à insatisfação profissional, à insegurança e ao isolamento;
  • Problemas de relacionamento podem dividir o grupo;
  • É capaz de gerar abismos entre os colaboradores;
  • Dificulta a identificação com a empresa e seus objetivos;
  • Qualquer mudança interna tende a ser vista com desconfiança.

Planeje a transição geracional

Você conferiu neste artigo que ter diferentes gerações entre seus colaboradores pode gerar resultados positivos, ao mesmo tempo que conflitos são uma consequência natural. Para extrair o melhor da transição geracional, planejar é preciso.

É importante que cada membro da equipe seja visto como uma peça. Dessa forma, deve ser cuidadosamente encaixada, observando o conjunto e a forma como ela pode, individualmente, contribuir com o coletivo.

Coloque em prática o que aprendeu hoje, se dedique a estudar mais a gestão de pessoas e assuma o seu papel de líder. Como gestor da empresa contábil, essa é a postura que seus comandados esperam de você.

E você, como tem lidado com a transição geracional no seu escritório? Comente!

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